Li um livro, da Editora Vozes, chamado “Pastor Inquieto, trajetória de um coração”, escrito pelo Franciscano que foi bispo da diocese mineira de Teófilo Otoni, Dom Quirino Adolfo Schmitz, que já faleceu. É um livro que fala da vida do autor, principalmente de seu contato com o povo na diocese da qual foi o primeiro pastor. É uma leitura que mostra a grande paixão de Dom Quirino pelo seu rebanho. Tive a alegria de conversar várias vezes com Dom Quirino, um homem de Deus muito ligado ao povo e com o qual a gente aprende muita coisa. Estamos no mês vocacional é sua vida é exemplo para os padres e seminaristas.
O livro é cheio de fatos envolvendo Dom Quirino. Vou falar de três deles. Um dia em uma pequena cidade na Rio-Bahia, não tendo um lugar para hospedar o Bispo, resolveram emprestar uma casa de prostituição para o Bispo e o Pároco dormirem durante a Visita Pastoral, mandando que as prostitutas desaparecessem do lugar. O ruim é que em plena meia-noite, alguém bateu na casa atrás de uma prostituta. Bem mais tarde, é que o Bispo ficou sabendo onde fora levado para se hospedar.
Durante a Revolução, iniciada em 1964, Dom Quirino foi acusado por militares de ser o chefe comunista do clero mineiro e inventaram muitas coisas falsas sobre ele. Uma delas, publicada em um jornal de Belo Horizonte, era que Dom Quirino fora visto em um restaurante acompanhado de um bela jovem, insinuando que o Bispo não era celibatário. Na realidade, Dom Quirino, o motorista e a cozinheira estiveram em um restaurante da cidade almoçando, mas a cozinheira do Bispo era idosa, analfabeta e sem qualquer beleza física.
Ainda durante a Revolução, conversando Dom Quirino com militares contou-lhes uma história de que fora dada ordem de prisão para dois subversivos, muito procurado pelos militares e que deviam ser muito importantes, pois em quase todas as reuniões de base se falavam sobre eles. Também eles deviam ser bem preparados; por isso alguns militares procuravam prender o Professor Medellin e a esposa dele a Professora Puebla!
Para quem não sabe, Medellin é o nome do documento, preparado pelos bispos da América Latina, na cidade colombiana que lhe deu o nome e na qual foi realizada a reunião dos Bispos em 1968, com a presença do Papa Paulo VI, e onde procuraram aplicar os ensinamentos do Concílio Vaticano II à realidade da América Latina, e Puebla, o documento feito na cidade mexicana do mesmo nome, onde foi realizada outra reunião dos Bispos da América Latina, com a presença do Papa João Paulo II, e onde se fez a opção clara da Igreja Católica pelos jovens e pelos pobres.