ATENÇÃO: Os textos abaixo são de autoria do Pe. Antônio Carlos D'Elboux. A reprodução de qualquer um deles deverá ser acompanhado da "fonte" ou "caminho" onde encontra-se o texto publicado.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Nossa Senhora e os Católicos - II


Nossa Senhora é venerada pelos católicos com os mais diversos títulos e com as mais diferentes roupas e cores. Cada povo exprime seu amor à mãe de Deus na sua maneira de ser e dentro de sua própria cultura. Não são centenas de Nossas Senhoras. É sempre a mesma Mãe de Jesus. As imagens são de gesso, madeira ou outro material, mas feitas por mãos humanas e podem ser quebradas ou partidas, pois o valor não estão nelas, apesar de várias serem artísticas. Estas imagens são apenas símbolos, representações, como podemos carregar uma fotografia de nossa mãe ou de alguma pessoa muito querida, ou como a bandeira representa a Pátria. E nenhum brasileiro que ama a nossa Pátria gostaria de ver nossa bandeira ser rasgada ou pisoteada. E todos sabemos que a bandeira não é o Brasil nem seu povo. O que realmente tem valor para nós é a Mãe de Deus e não sua imagem, que é um meio para com mais freqüência nos lembrarmos dela e principalmente de quem ela é mãe.

No Brasil, o título mais comum da Mãe de Deus é Nossa Senhora Aparecida, representada por uma antiga imagem da Imaculada Conceição achada por pescadores no Rio Paraíba. Deus pode nos falar por muitas maneiras; a própria Bíblia nos ensina que Ele se comunicou até por meio da mula de Absalão, e inclusive pode também falar através de uma pequena imagem que o tempo tornou da cor de brasileiros e brasileiras, que no decorrer da nossa história foram, e muitos continuam sendo, espezinhados e olhados com desprezo, apesar dos avanços na luta pela cidadania. O próprio Jesus usou a semente de mostarda para simbolizar a fé. Porque não podemos usar uma pequena imagem para representar nosso amor à Maria Santíssima e a nossa fé em Deus? Acredito que Nossa Senhora deva ser motivo de união entre todos os seguidores de Jesus. O que ela deseja é que seu Filho seja conhecido e amado. Um livro muito bonito de louvor à Maria foi escrito por Martinho Lutero, comentando o Magnificat. Lutero foi o fundador do Protestantismo e o tradutor do modelo de Bíblia que nossos irmãos evangélicos usam, e que tem sete livros a menos que a versão católica.

Sei de vários teólogos e pastores de diferentes igrejas evangélicas que aceitam e pregam Nossa Senhora como modelo no serviço a Deus. Apesar de nossas divisões, que é mau exemplo aos olhos do mundo, acredito nas palavras de Jesus que um dia haveremos de ser um só rebanho e um só pastor. O caminho ensinado pelo Papa João XXIII de procurar ver mais o que nos une do que aquilo que nos separa continua válido, ao menos para nós católicos, que também temos coisas para aprender de muitos evangélicos, uma das quais, só para dar um exemplo, é o estudo e a veneração da Bíblia Sagrada. Um outro caminho para todas as denominações é evitarmos atos de fanatismo religioso, com acusações maldosas e gratuitas, pois a psicologia nos ensina que é sempre sintoma de algum desequilíbrio.

Recordo-me com carinho da frase ouvida muitas vezes de um meu antigo pároco, citando São Francisco de Sales, de que se conquista mais pessoas com uma gota de mel que com um barril de fel. Testemunhar Jesus e se esforçar para viver o Evangelho é tarefa de todos os cristãos, independente de denominação religiosa. O Papa João Paulo II, grande devoto de Nossa Senhora e incontestavelmente um dos maiores líderes da atualidade, admirado também por não católicos, lançou uma encíclica apelando para a unidade dos cristãos e disposto a rediscutir o exercício da missão confiada por Jesus ao Apóstolo Pedro, do qual ele é autêntico sucessor. Colaborar para diminuir barreiras religiosas é missão de todos os que se sentem filhos de Deus e daquela que Jesus na Cruz nos deu por mãe.

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