ATENÇÃO: Os textos abaixo são de autoria do Pe. Antônio Carlos D'Elboux. A reprodução de qualquer um deles deverá ser acompanhado da "fonte" ou "caminho" onde encontra-se o texto publicado.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Atos dos Apóstolos

O livro da Bíblia chamado Atos dos Apóstolos não corresponde ao nome, pois não nos fala sobre os doze discípulos de Jesus, mas somente sobre alguns deles, especialmente Pedro e Paulo. Pelo conteúdo, o nome mais correto seria Atos de Apóstolos. O livro contém 28 capítulos, começando com a Ascensão de Jesus e terminando com Paulo em Roma. Quanto ao seu autor, há convergência de que seja Lucas, cristão da segunda geração, médico, admirador e discípulo de Paulo e autor do terceiro Evangelho. No Novo Testamento, somente os Atos e o terceiro Evangelho são precedidos de um pequeno prólogo, onde são especificados os objetivos, o método e a finalidade do escrito.

Os Atos dos Apóstolos se enquadram no gênero literário da história religiosa com objetivo teológico-espiritual. Além das partes narrativas, o livro contém discursos que ocupam 1/3 da obra e têm unidade de estrutura e de tema, adequação às situações onde foram pronunciados e aos seus principais personagens, especificamente Pedro, Estevão e Paulo. Os Atos dos Apóstolos teriam sido escritos por volta dos anos 80/85. A forma literária utilizada por Lucas tem três elementos claros: trechos narrativos, discursos (Pedro, Paulo, Estevão) e esquemas de resumo. A narração constitui a parte sólida dos Atos. Os discursos a interpretação dos episódios. Os resumos são as passagens de ligação de um elemento para o outro.

Três grandes temas permeiam os Atos dos Apóstolos: o programa do Reino de Deus, a salvação de Deus que se dirige a todos, inclusive os pagãos, e o espírito missionário que faz crescer a comunidade. A narração dos Atos abrange o período aproximado dos anos 30 a 60 d.C.. A história é ambientada na Palestina e regiões vizinhas da Síria e Fenícia e depois fora do Oriente Médio, nos centros urbanos dos Mares Egeu e Mediterrâneo: Éfeso, Tessalônica e Corinto. Na parte final, o ambiente se passa em Roma. Precisa-se ter claro que a Palestina era dominada pelo Império Romano e que as grandes questões religiosas eram julgadas, em Jerusalém, pelo Sinédrio, composto de 71 membros e chefiado pelo sumo sacerdote.

Durante a vida pública de Jesus e até a morte de Estevão, impera em Roma Tibério, sucessor de Augusto. Depois vem por quatro anos Calígula, o louco que dilapidou o tesouro imperial, quis ser honrado como deus e divinizou o próprio cavalo. Cláudio foi sucessor de Calígula, coincidindo seu período de imperador com as duas primeiras viagens de Paulo, com o Concílio de Jerusalém e o assassinato do apóstolo Tiago. Nero substitui Cláudio imperando por 14 anos, justamente na época em Paulo chega a Roma para o processo. Sob o império de Nero é que Pedro é crucificado e Paulo decapitado. Depois de Nero vem Vespasiano que impera por 10 anos, seguindo Tito e Domiciano, sendo que este se proclama “senhor e deus” e executa filósofos, judeus e cristãos, sendo ele mesmo assassinado.

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